NÃO ME
LEMBRO DE NADA!
O assunto
objeto desta matéria com certeza trará para alguns bastante dissabor e repulsa,
pois tocará na vaidade e no ego daqueles que não querem que venham à baila
determinadas verdades atinentes ao fenômeno da incorporação. No entanto, como o
compromisso do Jornal Umbanda Hoje é
ver os adeptos da religião mais esclarecidos e livres de determinados mitos que
tanto prejudicam os iniciantes no culto, resta-nos tão somente esclarecermos um
ponto nevrálgico sobre o presente tema.
Sabemos que
na Umbanda fala-se muito em mediunidade de incorporação semi-consciente e
inconsciente, que, via de regra, ensejam verdadeiras discussões doutrinárias a
respeito. Não vamos nos ater a explicarmos o processo de acoplamento de um
espírito aos chakras e centros nervosos do médium, sendo tema para o futuro.
As
incorporações em que os espíritos deixam completamente inconsciente o médium,
com tomada integral de todas as faculdades biopsicomotoras, é fenômeno
raríssimo nas religiões mediúnicas. Em tempos imemoriais, foi a forma
encontrada pelos espíritos para cumprirem suas missões no plano físico sem que
o medianeiro pudesse interferir em suas tarefas, pois muitas pessoas não
acreditavam na ação dos espíritos sobre o corpo humano e, por isto, se tivessem
alguma porcentagem de consciência, acabariam por intervir, voluntária ou
involuntáriamente, no labor dos amigos espirituais.
Com o passar
do tempo, e através de um maior estudo e consequente entendimento do que
ocorria, a inconsciência dos médiuns foi pouco a pouco sendo elevada à semi-consciência,
fenômeno pelo qual os espíritos agem conjuntamente com a psiquê do médium, que,
mesmo manifestados, sabem de quase tudo o que se passa a seu redor, inclusive
que estão sob o domínio parcial de uma força externa. Este tipo de incorporação
(semi-consciente) predomina quase que inteiramente nos segmentos
espiritualistas, porque é a que melhor se adequa às necessidades atuais.
Através da semi-consciência há uma interação entre o medianeiro e o espírito
atuante, que são doutrinador e doutrinado ao mesmo tempo. Além disto, esta
espécie de incorporação faz com que o médium seja co-responsável pela mensagem
transmitida por um Caboclo, Preto-Velho, Exu etc.
O fato é
que, na mediunidade de incorporação semi-consciente, que, diga-se de passagem,
também tem seus graus de variação, o espírito ao desprender-se do médium com o
qual trabalha, deixa neste quase que a totalidade das informações recebidas ou
transmitidas durante uma sessão. Caso haja alguma necessidade, o espírito,
atuando no sistema nervoso central e também no cérebro, pode fazer com que o
médium deixe de lembrar de alguma coisa, mas isto é exceção. A regra é o médium
lembrar-se de quase tudo que foi dito pelo espírito trabalhador. Neste sentido,
muito importante é o respeito e a obediência que os médiuns devem ter para com
o segredo de sacerdócio, tópico que analisaremos oportunamente.
Infelizmente
alguns médiuns que trabalham semi-conscientemente insistem em dizer que não se
lembram de nada depois que o espírito interventor se afasta. E o fazem por duas
razões básicas: primeiro, querem dar um maior valor a sua mediunidade, dizendo:
"eu sou especial porque trabalho sem consciência"; segundo, para se
eximirem de responsabilidade, caso haja alguma comunicação equivocada, por
influência do próprio médium, dizendo este depois: " eu sou inconsciente,
quem errou foi o espírito".
Repito: a mediunidade de incorporação inconsciente ainda existe, mas é
raríssima, e quem a tem geralmente não fala, porque é assunto pessoal, e também
é circunstância difícil de ser provada.
Na
atualidade, não se concebe deixar os iniciantes com a falsa idéia de que,
incorporados por um espírito, sua mente se apagará temporariamente. Muitos
médiuns sob a ação dos espíritos acham que não estão incorporados, visto terem
ouvido de outros que, durante a manifestação dos espíritos, não há consciência
no médium. Criam com isto uma série de dúvidas na mente dos iniciantes, fazendo
com que muitos pensem até não serem médiuns de incorporação.
A Umbanda
vai crescer. E crescerá através de médiuns mais preparados, mais esclarecidos
em relação aos fenômenos mediúnicos. Desta forma, farão cair por terra falsas
verdades que estão, infelizmente, ainda sendo difundidas irresponsavelmente por
alguns.
Fonte: www.jornalumbandahoje.com.br
A Umbanda precisa de Verdades, a Umbanda precisa de sinceridade... Sejamos Sinceros e Verdadeiros... Paz e Luz a todos os Irmãos!
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