A estrada
por onde transitamos, hoje, é nossa via de crescimento espiritual e nos levará
a entender melhor a vida, no contato com as múltiplas situações que
contribuirão com o nosso potencial de progresso. Mesmo os caminhos inadequados
que tomamos, porém, com a probabilidade do engano, modelando-nos de tal forma
que pudéssemos encontrar, um dia, a perfeição. Permite, portanto, que as almas
escolham seu roteiro, de acordo com o livre-arbítrio. Assim, as inúmeras
dificuldades que surgem durante a jornada de cada criatura representam
oportunidades de auto-análise, que farão com que o homem se revele nas
fragilidades e deficiências de seu espírito aprendiz, se conheça e se avalie,
de acordo com as suas reais capacidades de luta e resignação, no enfrentamento
das barreiras necessárias ao aperfeiçoamento.
Dessa forma,
na justa sucessão de espaço e tempo, de acordo com o nosso grau evolutivo,
recebemos do Criador em forma de “senso de rumo certo”, as rotas necessárias à
ampliação de nossos sentimentos e conhecimentos. A escolha, entretanto, é
nossa.
Aceitemos,
portanto, sem condenação, todas as sendas que percorremos. Todas são válidas,
se lhes aproveitarmos os elementos educativos, pois nos darão sabedoria para
outros caminhos mais felizes. E, aí, as Leis de Deus se cumprem com exatidão e
segurança porque, enquanto mergulhados na carne ou fora dela em nossa marcha, a
vida nos chama, o trabalho apela para nós, abençoa-nos a luz do conhecimento.
Mas, quase sempre, permanecemos indecisos, sem coragem de marchar para a
realização elevada que nos cabe atingir. E quando surge a oportunidade de nosso
encontro espiritual com Cristo, aí sim, raramente sabemos pedir sensatamente.
Na
atualidade, muitos companheiros invocam a cooperação direta de Jesus, e o
socorro vem sempre, pois o Mestre Divino sabe muito bem da nossa capacidade
espiritual e sempre suaviza os nossos caminhos, porque é infinita a
misericórdia celeste. Todavia, vencida a dificuldade, retornam esses mesmos
companheiros aos velhos caminhos. Portanto, não há outra saída. Novos
obstáculos sobrevirão até que a criatura aprenda a dominar-se, educar-se e
vencer, serenamente, as lições recebidas.
É oportuno
lembrar que não é preciso comparecer diante do Mestre com volumosa bagagem de
rogativas para a cura de nossos males. Basta que lhe peçamos o dom de ver com
os olhos da alma, com a exata compreensão das particularidades do caminho evolutivo.
Que nos faça enxergar todos os fenômenos e situações, pessoas e coisas, com
amor e justiça, porque Ele mesmo disse: “Eu vim a este mundo para um juízo, a
fim de que os que não vêem, vejam, e os que vêem se tornem cegos”. (João, IX-
1,41.)
A cura dos
males não é somente o restabelecimento do equilíbrio orgânico das pessoas,
devolvendo aos paralíticos os movimentos das pernas e braços. Não é somente
fazer ver aos cegos. É, também, libertar almas que estão presas no cárcere da
carne, pois o corpo é uma roupa da alma que, em muitos casos, já aparece rota e
com vários remendos.
Importa
esclarecer que ninguém cura ninguém. No entanto, essa realidade só poderá ficar
totalmente em evidência em um futuro ainda distante, embora, na atualidade, já
existam sinais de abertura neste sentido. A verdadeira cura, o restabelecimento
completo da alma e do corpo, vem da fonte inesgotável do Espírito que não foi
feito enfermo, mas com perfeita saúde. Aquele, pois, que quiser ser um
terapeuta em nome da caridade, ao curar os corpos, não se esquecer das almas,
propiciando a elas meios de autoconhecimento. Porém, antes de pretender curar
os outros, devemos iniciar a cura de nós mesmos, com esforço próprio, na feição
de disciplina e educação de costumes antigos, que o progresso já não aceita
mais.
Quando
abraçamos a tarefa espírita-cristã, sedentos de vida superior, lembremo-nos de
que Jesus nos enviou o coração renovado ao casto campo do mundo para servi-Lo.
Ensinemos, não só o bom caminho, mas, sobretudo, ajamos de acordo com os
princípios elevados que apregoamos, ditando diretrizes nobres para os outros,
e, principalmente, marchemos dentro delas, semeando alegrias e bênçãos,
perdoando, compreendendo o ofensor, e ajudando-o a reerguer-se, ainda mesmo
quando incompreendido.
Dessa forma,
se nos dispomos a aproveitar a lição do Mestre Divino, afeiçoando a nossa
própria vida aos Seus ensinamentos, abandonemos a pressa e esqueçamos o
desânimo.
Avancemos,
sem vacilação, servindo infatigavelmente. Não importa, nessa peregrinação incansável,
que a nossa conquista surja triunfante, hoje ou amanhã. Vale trabalhar e fazer
o melhor que pudermos, aqui e agora, porque a vida, em nossa marcha, se incumbe
de trazer-nos aquilo que buscamos.
Bibliografia:
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 2ª edição. São Paulo,
1990; Capítulo XXV- item 5;
MAIA, João Nunes, pelo Espírito Shaolin. Ave Luz. 3ª edição. Editora
Espírita Cristã Fonte Viva. Belo Horizonte, 1986;
ESPÍRITO SANTO, Francisco do, pelo Espírito Hammed. Renovando Atitudes.
24ª edição. Boa Nova Editora. Catanduva, 1997;
XAVIER, Francisco Cândido, pelo Espírito Emmanuel. Caminho, Verdade e
Vida. 25ª edição. Rio de Janeiro, 2005;
XAVIER, Francisco Cândido, pelo Espírito de Emmanuel. Fonte Viva. 20ª
edição. Rio de Janeiro, 1995.
Por Maria
Margarida F. Moreira
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