Muitos
guias espirituais usam ferramentas para absorver energias condensadas, atrair
ou projetar ondas vibratórias, descarregar os médiuns e os consulentes de
energias negativas, etc.
Para
muitos que desconhecem os fundamentos da Umbanda, para os que estão iniciando
na religião ou mesmo para aqueles que estão apenas visitando um terreiro para
tomar um passe, as ferramentas utilizadas pelos guias aparentam ser apenas
adereços e símbolos para chamar a atenção e tornar o ritual cheio de pompas.
Mas
tudo na Umbanda tem sua razão de ser e existir. Nada é por acaso.
Antes
de explicar para que servem as ferramentas utilizadas pelos guias espirituais,
vamos conhecer algumas:
· Pretos
Velhos: cachimbo, bengala, rosário, terço, figa, crucifixo, lenço, xale, chapéu
de palha, cigarro de palha, etc.
· Exu:
tridente, corrente, marafo, charuto, cigarro, capa, cartola, guias de aço, etc.
· Pombo
Gira: batom, cigarrilha, anéis, colares, saias, lenços, jóias, etc.
· Caboclos
de Oxossi: penachos, cocares, arco e flecha, charuto, cuia, etc.
· Caboclos
de Ogum: lança, espada, elmo, espada de São Jorge ou Ogum, etc.
· Caboclos
de Xangô: oxé (machado de pedra de duas pontas), pedras, charuto, etc.
· Baiano:
chapéu, cigarro de palha, badulaques, coco verde, facão, etc.
· Marinheiro:
boné branco, copo com pinga, cigarro, cordas, etc.
· Boiadeiro:
chicote, chapéu, cinto, lenço, etc.
· Cigano:
baralho, lenço, incenso, pedras, jóias, almofadas, etc.
· Erês:
brinquedos, bexigas, doces, bebidas, óculos coloridos, bonés, saias, etc.
Há
outras linhas de trabalho nos terreiros, por isso enumeramos as mais conhecidas
com apenas algumas ferramentas que cada uma delas utiliza, cada qual com sua
devida utilidade não servindo apenas como mero adereço, como um batom, por
exemplo.
Para
que servem as ferramentas?
Algumas
ferramentas como chapéus, cocares, capas, saias, etc., servem como proteção ao
médium girante; outras como bengalas, tridentes, espadas, flechas, etc., servem
como um meio para descarregar o médium ou o consulente; e há também as
ferramentas como incenso, jóias, pedras, coco verde, doces, bebidas, etc., que
servem para atrair e carregar o médium girante com energia positiva, ajudando
no seu fortalecimento, equilibrando-o e acalmando-o.
Não
há uma regra com relação à função de cada ferramenta, pois os guias utilizam a
mesma ferramenta para diversos usos, dependendo de sua vontade e do objetivo
que ele quer atingir, como por exemplo, a bengala do preto velho pode
descarregar o médium, mas também pode servir como meio para atrair energia
positiva e carregar o médium.
Como
são utilizadas as ferramentas?
Cada
guia espiritual utiliza a ferramenta de acordo com seu fundamento e axé e há
variação no uso ou no tipo de ferramenta até mesmo entre guias de mesma linha -
como a linha de caboclos Pena Branca, onde um caboclo pode utilizar um cocar e
outro utilizar apenas uma cuia com água e mel. O médium girante também
influencia na escolha da ferramenta, pois o seu corpo é um transmissor e
receptor de energias, mas a facilidade por onde “entra e sai” energia do seu
corpo (que pode ser através das mãos ou dos pés ou da cabeça ou do tronco,
etc.) é o que ajuda o guia a definir qual ferramenta utilizar.
Para
fazer o uso das ferramentas iremos descrever - com linguagem humana - como um
(a) preto (a) velho (a) faz uso das mesmas:
I. Chapéu de palha,
lenço, xale, etc.
a. Energia positiva: atrai bons fluídos e
energia para a coroa do médium.
b. Energia
negativa: protege a coroa do médium de vibrações negativas que estão no
ambiente e ainda não foram processadas durante o ritual.
II. Cachimbo, cigarro
de palha, cigarro, etc.
a. Energia
positiva: o odor do fumo sendo queimado atrai bons fluídos ao médium e
ajuda na concentração.
b. Energia
negativa: queima os miasmas do corpo do médium e dos consulentes.
III. Rosário, terço,
figa, crucifixo, guia de contas, etc.
a. Energia
positiva: concentra energia positiva e fluído de essência divina para ser
repassado ao médium ou aos consulentes. Também serve como meio para o médium se
concentrar no trabalho do guia.
b. Energia
negativa: concentra energia negativa que está no corpo do médium ou do
consulente sendo descarregada quando a ferramenta é jogada ao chão ou quando
ela quebra.
IV. Bengala, espada de Ogum, lança de Ogum,
galho de guiné, etc.
a. Energia
positiva: concentra energia positiva e fluído de essência divina para ser
repassado ao médium ou aos consulentes.
b. Energia
negativa: concentra energia negativa que está no corpo do médium ou do
consulente sendo descarregada quando a ferramenta é batida no chão.
V. Comidas e bebidas
como café, bolo de fubá, mandioca, arroz, etc.
a. Energia
positiva: concentra energia positiva e fluído de essência divina para ser repassado
ao médium ou aos consulentes.
b. Energia
negativa: concentra energia negativa que está no corpo do médium ou do
consulente sendo descarregada quando descartado (cuspido) no “cuspidor”.
VI. Tapete de folhas,
tapete de palha, chinelo de palha, etc.
a. Energia
positiva: concentra energia positiva e fluído de essência divina localizado
no congá para ser repassado ao médium ou aos consulentes.
b. Energia
negativa: concentra energia negativa que está no corpo do médium ou do
consulente sendo descarregada quando o guia bate os pés e ou as mãos contra a
ferramenta ou contra o chão.
Para
deixar bem claro, quem direciona o tipo de energia, positiva ou negativa, para
a ferramenta é o guia espiritual, pois é ele que está visualizando o excesso ou
a falta dessas energias, é ele que sabe como manipular essas energias, sem
afetar o médium ou o consulente.
Mas
quem é que define as ferramentas que os guias utilizarão nos trabalhos?
Os
próprios guias!
Por
mais “legais e belas” que achamos algumas ferramentas, e até gostaríamos de
presentear nossos guias, somente os guias é que pedirão, ou não, as
ferramentas. Somente os guias é que sabem quais as ferramentas que eles mesmos
utilizam e se são ou não necessárias.
Há
casos em que alguns terreiros proíbem o uso de ferramentas pelos guias, mas é
claro que os guias sabem dessa “proibição” e por isso, manipulam as energias de
outras maneiras, reforçando o direcionamento das energias para assentamentos ou
para o altar, por exemplo.
E
se o médium girante quiser presentear um guia espiritual com uma ferramenta? E
se um consulente presentear o guia espiritual de um médium com uma ferramenta?
Quando
decidimos presentear um guia espiritual que trabalha conosco, através do uso de
nossa mediunidade, o melhor que se tem a fazer é perguntar para ele (ou pedir
para que outra pessoa pergunte para o guia) se o presente será útil ou será uma
coisa para atrapalhar. Acredite: se o guia precisar de uma ferramenta ele
pedirá ao médium ou ao cambone do médium girante, e às vezes, o que chamamos de
“intuição”, como num caso desses, pode ser apenas uma “vaidade” de nossa parte.
Todo cuidado é pouco.
Se
um consulente resolve presentear o guia espiritual devemos ter em consciência o
seguinte caso: a consulta com o guia espiritual é gratuita, logo um presente
pode caracterizar, indiretamente, como pagamento por um “serviço bem feito”. A
vaidade do médium também pode ser exacerbada com este ato. O procedimento neste
caso é: alertar para que os consulentes não ofereçam presentes aos guias
espirituais, mas caso aconteça, o consulente deve oferecer o presente
diretamente para o guia que saberá o que fazer com o presente.
E
para finalizar este texto, uma dúvida de muitas pessoas é: uma guia de contas
estourou durante a gira, isso foi descarrego?
Sim
e não. Sim se o médium estava muito carregado negativamente e a única
ferramenta que estava em seu poder era a guia de contas, daí, em decorrência do
excesso de energia ela pode estourar. Porém não é sempre que uma guia de contas
estoura em decorrência do excesso de energia. O médium constantemente molha a
guia de contas em banhos de firmeza, amaci e até mesmo com o próprio suor.
Alguns colocam as guias para energizar com a luz solar ou com a luz lunar. Esse
processo de molhar e secar a guia por diversas vezes faz com que o fio de nylon
da guia de contas não suporte tanta variação e quebre, e claro, como o médium
só utiliza a guia de contas em dias de gira, é nesse momento que vai haver o
“estouro” da mesma, e isso não é descarrego.
Salve
a Racionalização da Umbanda!
Por: Newton Carlos
Marcellino
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