Há quem não aprecie a palavra REFORMA no conceito de renovação espiritual necessário a cada um de nós. No entanto, esta palavra define muito bem o que deveríamos (e viemos) fazer de nossas vidas:
REFORMA = Mudança para melhor; modificação, reorganização, substituição de objetos fora de uso.
Vejo a reforma íntima como quem vê a reforma de uma casa. Ao desejar uma casa melhor, por vezes mudamos uma parede ou outra de lugar, outras vezes mudamos os móveis, pintamos de outra cor, mudamos o telhado, trocamos uma porta ou janela de lugar. Mas quase sempre ela nos lembra como foi. Quando a casa está em péssimo estado, não raro derrubamos todas as suas paredes e começamos do zero. Porém, freqüentemente, aproveitamos boa parte das estruturas da fundação que possuía.
Assim é a nossa REFORMA ÍNTIMA, a qual nos remete à renovação espiritual. Temos uma história milenar que nos "construiu" como somos hoje. Instintos que se transformaram em defeitos, defeitos que se fizeram virtudes… Há em nós paredes boas, que podemos manter, e outras nem tanto, que devemos derrubar e reconstruir da forma correta. NÃO PODEMOS IGNORAR e simplesmente apagar quem fomos, nossa história, o que sentimos, pensamos, aprendemos, vivenciamos, conquistamos em milênios de reencarnações.
Porque é tão difícil fazer REFORMA ÍNTIMA?
Não é porque não lembramos do passado. Mas porque NÃO QUEREMOS CONHECÊ-LO. Não queremos usar de coragem, vontade, usar precioso tempo fazendo uma "nova planta" para seguir. Precisamos, como arquitetos e engenheiros da própria alma, analisar o que nos faz mal, nos estagna, nos atrasa, faz sofrer, o que pode ser melhorado. É preciso, para tanto, ter CORAGEM para quebrar paradigmas, ousadia para fazer diferente.
Um dos melhores conceitos que já vi sobre como e porque reformar-se, encontrei em um livro fora da Doutrina Espírita: O MONGE E O EXECUTIVO - uma história sobre a essência da liderança, de James C. Hunter.
Fala-nos Hunter, sobre a DISCIPLINA que precisamos ter para fazer coisas, conquistar coisas, sejam materiais, sejam morais. A disciplina, segundo ele, serve para que, treinando insistentemente e sem esmorecimento, exercitando o fazer diferente do nosso natural (aquilo que ainda é idéia e não prática), acabaremos por TORNAR NATURAL o que foi arduamente disciplinado em nós: habituamo-nos a ser o que devemos ser.
Há, segundo este material, QUATRO ESTÁGIOS necessários para adquirir novos hábitos ou habilidades, e estes estágios nos mostram os graus de dificuldade que vivenciamos para proceder com nossa REFORMA ÍNTIMA. Vejamos:
ESTÁGIO UM - Inconsciente e Sem Habilidade.
É o estágio ANTES de começar nosso exercício disciplinar. É a etapa inconsciente ou desinteressada de agir, reflete despreparo para mudar.
ESTÁGIO DOIS - Consciente e Sem Habilidade.
É o estágio em que AINDA não desenvolvemos a prática, embora tenhamos adquirido a consciência de que é preciso adquirir um novo comportamento. É a fase antinatural de quem tenta, mas ainda não consegue fazer bem o que se propõe.
ESTÁGIO TRÊS - Consciente e Habilidoso.
É o estágio em que estamos ADQUIRINDO experiência, exercitamos o novo comportamento tantas vezes que passamos a fazê-lo de forma mais confortável, a prática se torna mais fácil e menos antinatural. Pegamos o "jeito da coisa".
ESTÁGIO QUATRO - Inconsciente e Habilidoso.
É o estágio AUTOMÁTICO, quando o comportamento tornou-se natural, não precisamos mais pensar para fazer. É a incorporação do novo comportamento aos hábitos cotidianos, ou seja, incorporação da conquista à nossa natureza.
É isso o que Jesus pediu para nós fazermos, em tantas de suas orientações. Achamos difícil porque queremos caminhos fáceis, mas toda conquista demanda esforço, o qual demanda vontade.
Enfim, REFORMA ÍNTIMA é a reconstrução de nosso caráter, tornando-o cristão, divino, aproveitando as bases que temos. Não é, em tempo algum, ignorar nosso EU PASSADO, renascendo como um EU NOVO. (grifos nossos)
Escrito por Vania Vasconcelos
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