Na Umbanda não há preconceitos nem orgulho. Aprendemos com quem mais sabe e ensinamos aqueles que sabem menos.
Fé Racional
"Em lugar da fé cega que anula a liberdade de pensar, ele diz: Não há fé inquebrantável senão aquela que pode olhar a razão face a face em todas as épocas da Humanidade. À fé é necessária uma base, e essa base é a inteligência perfeita daquilo que se deve crer; para crer não basta ver, é necessário, sobretudo, compreender. A fé cega não é mais deste século; ora, é precisamente o dogma da fé cega que faz hoje o maior número de incrédulos, porque ela quer se impor e exige a adição de uma das mais preciosas faculdades do homem: o raciocínio e o livre arbítrio." (O Evangelho Segundo o Espiritismo.)
A Umbanda não é responsável pelos absurdos praticados em seu nome, assim como Jesus Cristo não é responsável pelos absurdos que foram e que são praticados em Seu nome e em nome de seu Evangelho. Caboclo Índio Tupinambá.
terça-feira, 4 de outubro de 2011
Hoje é Dia de São Francisco de Assis - Dia 4 de Outubro
Ao ler sobre meu querido Mestre Francisco de Assis, descobri tantas
coisas novas sobre ele, que vão além de tudo que já sabemos sobre sua vida
desde Assis na Itália a partir de seu nascimento provavelmente em 1182, e na
verdade muito tem a ver com o nosso Brasil de norte à sul.
Em 1982 foram comemorados os oito séculos do seu nascimento com
lançamento de livros, um selo postal, salões de arte e celebrações religiosas.
As três ordens, fundadas por ele, os franciscanos, as clarissas e a ordem
terceira, manifestaram-se na ocasião.
São Francisco e seus frades estão muito presentes na história e na
cultura popular.
Em Canindé (CE) está seu grande santuário que atrai anualmente muitos
milhares de romeiros. Especialmente nas igrejas barrocas existem imagens
bonitas do nosso santo, que é padroeiro dos escritores de cordel (desde 1975) e
de todos os trovadores. A fé popular guarda histórias, rezas benditas e até
pontos de Umbanda que falam de São Francisco. Umas quadras conhecidas:
São Francisco é meu Pai, Santo Antônio é meu irmão
Os anjos são meus parentes Ó que bela geração.
(Araçuaí. MG. 1979)
Viva São Francisco Com tanta grandeza
Retrato de Cristo É pai da pobreza.
(Salinas. MG. 1978)
Ó meu padre São Francisco Coluna da fortaleza
Assuspende o seu cordão Senão eu caio de fraqueza.
(Araçuaí. MG. 1977)
Ele está presente nos cantos de penitência na ocasião das secas. Também
há quadras sobre ele nas folias de Reis e nos benditos da Semana Santa. São
Francisco tem cantos de romaria e de simples devoção. Existem rezas que pedem
sua ajuda para render e abençoar a comida, para amansar doidos e afugentar o
demônio. Em alguns lugares é cantado o ofício popular de São Francisco
(Conforme Cartilha da Doutrina Christã, de Antônio José de Mesquita Pimentel.
Porto, 1871. pág.198ss.). Esta pequena introdução não mostra toda a riqueza da
devoção popular para com São Francisco, mas é parte do contexto em que aparece
o CORDÃO DE SÃO FRANCISCO.
• -(Artigo publicado na Santa Cruz. Nov/1982 e no
Boletim da Comissão Mineira de Folclore. Ago/1986)
Mas neste conhecimento adquirido sobre Francisco de Assis, o que mais me
chamou atenção foi descobrir que no início do século passado havia uma Linha de
Umbanda que era chefiada pelo nosso São Chico, há registros em livros e
inclusive conhecimento passado por pessoas mais antigas que conheceram os
trabalhos de cura e de desobsessão nesta linha da Umbanda chamada de Linha
Simiromba, que etimologicamente quer dizer Frade. Também conhecida como Linha
dos Monges ou Linha de São Francisco de Assis. Nessa linha trabalham padres,
freiras, monges e utilizam cânticos da Igreja e outras formas bem Católicas de
trabalhar, misturados com uma mística medieval. Ainda existem Casas que
trabalham com essa Linha, mas são bem poucas.
Esta linha de trabalho foi aos poucos desaparecendo das casas de Umbanda
por motivos históricos, conforme relato abaixo:
É uma linha que se originou nas Macumbas Cariocas (As
"macumbas" o que eram? mistura de catolicismo, feiticismo negro e
crenças nativas - multiplicavam-se; tomou vulto a atividade remunerada do
feiticeiro; o "trabalho feito" passou a ordem do dia, dando motivo a
outro, para lhe destruir os efeitos maléficos; generalizaram-se os
"despachos", visando obter favores para uns e prejudicar terceiros;
aves e animais eram sacrificados, com as mais diversas finalidades; exigiam-se
objetos raros para homenagear entidades ou satisfazer elementos da baixo
astral.
Conforme relatado no Livro Brasil Coração do Mundo Pátria do Evangelho,
do Espírito Humberto de Campos psicografia do Chico Xavier, a Espiritualidade
Maior já de olho em tudo que acontecia mandou seus emissários, para frear as
maldades que estavam sendo feitas e com isso em 15 de novembro de 1908, Zélio
de Moraes dá o pontapé inicial ao receber o Caboclo das Sete Encruzilhadas e fundar
assim a Umbanda uma religião puramente nacional, que visava o bem, a cura, o
intercâmbio mediúnico e o não sacrifício de animais. (Como a Umbanda não
existia ainda por isso antes de Zélio, e existem relatos em um dos livros do
Arthur Ramos e ou do Nina Rodrigues Mbanda ou Embanda (que posteriormente se
transformou em Umbanda após e continuou pluralizada em vários tipos e formas de
trabalhos).
Com o passar do tempo essa linha foi sendo deixada de lado e o que se
encontra hoje são referências místicas e esotéricas como as do "Vale do
Amanhecer" (Tia Neiva mentora física e hoje também espiritual), cabe aqui
explicar que Francisco de Assis nesta linha de trabalho é conhecido como Pai
Seta Branca, que é o líder da doutrina do Vale, e segundo Tia Neiva em uma das
vidas passadas Francisco viveu como um indígena, próximo ao Lago Titicaca,
entre o Peru e a Bolívia.Por isso a caracterização indígena e o nome Seta
Branca, que também é conhecido como Simiromba de Deus ou Simiromba do Grande
Oriente de Oxalá.
A Linha de Simiromba dentro do sincretismo afro-católico, seria uma
Linha de Trabalho ligada a Oxalá (onde inclusive trabalham diversos outros
santos da linha católica) e tida como cura, desobsessão, retirada de elementos
negativos (por isso começaram a trabalhar na época das “macumbas”, pois os
trabalhos de feitiçaria para o mal predominavam, e segundo relatos esta linha
chefiada por São Francisco de Assis é exímia em trabalho de desmanchar magias
negras, feitiçarias e desobsessões, além da cura.
O trabalho era feito com rezas, velas, incenso, e trajes característicos
(hábito de monje e de freira), e tinha toda uma mística esotérica envolvida
(talvez por isso começaram a atuar mais no Vale do Amanhecer). Creio
particularmente que também isso se deu com a própria criação da Umbanda que
através de outras linhas de trabalhadores como os Pretos Velhos, Exus, Erês
(crianças) e os próprios Orixás e seus Falangeiros quando chegaram ao plano
físico assumiram, digamos assim, a limpeza dos “trabalhos sujos”.
Uma realidade muito cruel de discriminação e preconceito, aconteceu com
a institucionalização da Umbanda e na migração de muitos Espíritas para o meio
Umbandista nos anos de 20, 30 e 40 do século XX, e que culminou também com a
realização do Pacto Áureo, como forma de proteção ao Espiritismo Doutrinário.
Muitos Espíritas descontentes com a forma de trabalhar do Espiritismo
Doutrinário ou Ortodoxo migraram para a Umbanda, dita como "Umbanda
Branca" (juntando o trabalho de mesa com o trabalho de guias, como:
Caboclos e Preto-Velhos) . Mas, ao mesmo tempo, houve uma discriminação de
trabalhos que eram feitos antes da institucionalização da Umbanda, que eram
feitos nas antigas Macumbas e que eram considerados como não evoluídos (isso
atingiu a Linha de Simiromba e outras linhas tidas como Africanizadas).
Houve uma hipervalorização de duas formas de trabalho: a da Linha Branca
Espiritismo de Umbanda (capitaneada por Zélio e por migrantes do Espiritismo
Doutrinário ou Ortodoxa, e do Esoterismo que acabou encontrando lugar no que é
conhecido como Umbanda Esotérica, a qual engloba várias vertentes, em que se
destacou o trabalho de Betiol, Emanuel Zespo e WW da Matta e Silva).
Em 1941, com o Primeiro Congresso de Espiritismo de Umbanda (existe uma
copia digital dos Anais desse Congresso no Site do Povo de Aruanda, se não me
engano), foi intencionalmente criada uma barreira altamente preconceituosa aos
cultos africanistas e outros que não estivessem dentro do contexto Espírita e
Esotérico. Além de se colocar no Congresso a preocupação de dar a Umbanda uma
origem que foi atribuída à Lemúria e a Atlântida.
Pelo lado do Espiritismo, para não haver uma miscigenação da Doutrina
Espírita com a o Espiritismo de Umbanda, e outras seitas que pudessem poluir a
Doutrina Espírita, foi criado em 1949 o Pacto Áureo. Esse Pacto frustrou os
Espíritas Umbandistas de assumir a Umbanda como Espiritismo de Umbanda, pois
muitas das pessoas que militavam na Umbanda Branca nessa época ou eram
dissidentes do Espiritismo Ortodoxo, ou permaneciam em ambos (na Umbanda Branca
ou Espiritismo de Umbanda e em Casas Espíritas).
Com a criação do Pacto Áureo essas pessoas tiveram que escolher onde
iriam ficar: ou no Espiritismo Doutrinário ou no Espiritismo de Umbanda ou
Umbanda Branca.
Os outros cultos de Umbanda acabaram se isolando e tentaram construir
Federações que os abraçassem ou se retiraram do Rio de Janeiro para outros
locais, como acabou acontecendo com a Linha de Simiromba, e algumas formas de
Umbanda Omolokô que acabaram dando Origem em Florianópolis no Culto de Almas e
Angola.
A partir de 1950 e por diversos aspectos de discórdias e brigas, a Linha de
Umbanda Esotérica também acabou se isolando do Espiritismo de Umbanda que
acabou retirando o nome Espiritismo e deixando apenas o de Umbanda Branca. E
isso pode ser notado no Congresso de 1961, Segundo Congresso de Umbanda.
Existe muita história sobre a Umbanda em seus vários aspectos. É um
motivo de também haver muitos preconceitos que foram sendo passados de geração
à geração.
Só lembrando que existia e parece que ainda existe, mas bem pouco
difundido, algumas casas de Umbanda que ainda trabalham com essa linha
maravilhosa cujo Mentor ou Guia, ou Dirigente Espiritual é Francisco de Assis,
este espírito que é pura luz, amor e abnegação e prá nossa felicidade, duas
casas remanescentes estão aqui no Rio Grande do Sul, um dos “sacerdotes”
responsáveis era um tenente reformado da Marinha e cujo centro chama-se Centro
de Umbanda de São Francisco de Assis, hoje quem o dirige é a irmã deste tenente
pois o mesmo faleceu, senhora Núbia Martha. O outro parece ter o nome de Casa
de Oração São Benedito, cujo responsável é o Sr. Marcelino Antônio, nestes dois
casos as fontes consultadas não lembravam as respectivas cidades.
A Umbanda de Simiromba tem a assistência de espíritos franciscanos, e
seus trabalhos são muito bonitos, eles fazem muitas preces, novenas, suplicas
faladas com protetores, dizem ainda que tem origens no estado do Maranhão.
À título ainda de conhecimento, cabe salientar que a primeira Tenda
Umbandista fundada pelo Zélio de Moraes, a Tenda Nossa Senhora da Piedade
trabalhava com essa linha de Simiromba, inclusive numa das incorporações do
Caboclo das Sete Encruzilhadas, um médium vidente questionou o Caboclo Sete o
porque dele falar como um caboclo, pois via que ele usava um hábito marrom de
jesuíta, ao qual ele informou estar assim vestido de acordo com sua última
encarnação na terra como padre jesuíta(e como nada é por acaso...)
Eram comuns naqueles tempos os centros de Umbanda que trabalhavam na
linha de Simiromba, como era o caso da Cabana de Pai Caetano, fazerem a Oração
de São Francisco na abertura das giras de Caboclos.
Era uma gira abençoada, conforme relatos de pessoas que conhecem esse
trabalho.
Deixo abaixo, estrofes de pontos cantados nas sessões de Simiromba:
Simiromba
vem Simiromba
Com a cruz na mão Simiromba
Como ele vem contente, Simiromba
Trazendo a sua redenção, Simiromba
Bate, bate, bate, bate, Simiromba
Ora tornas a bater, Simiromba
Para concluir tão belo conhecimento deixo depoimento de uma senhora do
Rio de Janeiro, chamada Márcia e que faz parte do meio Umbandista e cujo
depoimento sobre a Linha de Simiromba é impar:
Mãe Márcia D'Oya
Iniciei-me na Umbanda nos anos 60 e conheci pelo menos 4 centros aqui no
Rio de Janeiro, que trabalhavam com a linha de Simiromba:
O primeiro era da Mãe Carmen, ficava no Encantado; o outro era da Mãe
Guiomar Reis, no Sampaio, que foi quem me iniciou na Umbanda, chamado Casa da
Vovó Maria Conga, terceiro era o terreiro de Mãe Dalila que ficava na Rua Barão
dos Santos Anjos, no Engenho de Dentro, e ainda, a Cabana de Pai Caetano que
era de meu avô carnal.
Na casa de meu avô, Pai Maurício, Simiromba era uma linha de trabalho
chefiada por São Francisco de Assis. Eram freis e freiras que trabalhavam
principalmente com cura. Eram invocados dentro da linha de São Sebastião
(Oxossi).
Minha avó, Mãe Marina, trabalhava nesta linha com um Frei, que sempre fazia os
casamentos da casa. Este frei, quando incorporado, durante estas cerimônias,
transformava 2 pétalas de rosas brancas em hóstias que eram dadas aos noivos
como se fosse uma comunhão. Vestia-se com uma túnica branca com uma cruz azul bordada
no peito.
Ao ouvirem "Salve Simiromba", os atabaques rufavam, se havia
Caboclos em terra, estes se ajoelhavam para seus cânticos e assim permaneciam até
que esta entidade chegasse.
Seu ponto de chamada era cantado lentamente:
Salve Simiromba!
Ê, Simiromba â.
Vem, vem, vem, Simiromba!
Simiromba, vem â Simiromba
Vem, vem, vem, Simiroba,
Ele vem com a cruz na mão, Simiromba.
Ê, Simiromba â¦
Vem, vem, vem, Simiromba!
Vem abençoar a gente, Simiromba
Ê, Simiromba!
Vem pelas mãos de Deus, Simiromba.
Ê Simiromba â¦.
Vem, vem, vem, Simiromba!
Lembro-me de mais um ponto que era cantado enquanto éramos abençoados:
Se meus olhos não me
enganam,
É São Francisco, Simiromba â¦.
Me abençoa, meu Pai.
No raio do amor
No raio da Luz!
Se meus olhos não me enganam,
É São Francisco, Simiromba â¦
Me abençoa, meu Pai,
No amor de Maria com a sua cruz!
Tenho em meu acervo foto de minha avó, Mãe Marina, incorporada com este
frei franciscano. (Segue abaixo )
Para realizar esta pesquisa contei com pesquisas em livros e sites da
Internet e da preciosa ajuda dos Irmãos do Grupo Povo de Aruanda, em conteúdos
e depoimentos, são eles: Etiene Sales, Alex de Oxóssi, Pai Leo de Ogum e a
nossa abnegada Mãe Márcia D'Oya.
a linha de simiromba (mistica cabalistica e astrologica) esta em estinção a poucos terreiros que conheço mas o conhecimento e vivido para os médios que pertecem essa linha. tenho a honra de pertecer a essa linha aonde começei a acompanhando meus pais. Saravá ,*, familiafontella@yahoo.com.br
a linha de simiromba (mistica cabalistica e astrologica) esta em estinção a poucos terreiros que conheço mas o conhecimento e vivido para os médios que pertecem essa linha. tenho a honra de pertecer a essa linha aonde começei a acompanhando meus pais. Saravá ,*, familiafontella@yahoo.com.br
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