Fé Racional

"Em lugar da fé cega que anula a liberdade de pensar, ele diz: Não há fé inquebrantável senão aquela que pode olhar a razão face a face em todas as épocas da Humanidade. À fé é necessária uma base, e essa base é a inteligência perfeita daquilo que se deve crer; para crer não basta ver, é necessário, sobretudo, compreender. A fé cega não é mais deste século; ora, é precisamente o dogma da fé cega que faz hoje o maior número de incrédulos, porque ela quer se impor e exige a adição de uma das mais preciosas faculdades do homem: o raciocínio e o livre arbítrio." (O Evangelho Segundo o Espiritismo.)

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A Umbanda não é responsável pelos absurdos praticados em seu nome, assim como Jesus Cristo não é responsável pelos absurdos que foram e que são praticados em Seu nome e em nome de seu Evangelho. Caboclo Índio Tupinambá.

sábado, 18 de junho de 2011

Ser Espírita



Não nos apoquentemos com o fato de que não serão todos espíritas no sentido formal da palavra.

Preocupemo-nos em trabalhar para que a Humanidade seja espírita, no sentido da vivência cristã, sem que no sentido exterior o seja.

Porque o verdadeiro espírita será sempre o cristão verdadeiro, “pois que um o mesmo é que outro”.

Reproduzindo a colocação de Allan Kardec, “o Espiritismo não institui nenhuma nova moral; apenas facilita aos homens a inteligência e a prática da do Cristo, facultando fé inabalável e esclarecida aos que duvidam ou vacilam”.

Nosso maior desafio é a efetivação da nova sociedade, em que os valores morais e os sentimentos nobres sejam a busca constante da maioria das criaturas, independentemente de rótulos ou de ideologias exteriores.

A preocupação de muitos companheiros e companheiras em indagar se o Espiritismo será a doutrina abraçada pela maior parte de homens e mulheres denota uma preocupação da qual devemos nos despir, que é a generalização de padrões de comportamento. Não importa as naturais variações de gostos, de desejos, de rótulos  que as pessoas adotem; o mais importante é que aprendamos a nos respeitar, compreender e acima de tudo, amar aos semelhantes.

A diversidade é uma das regras naturais da vida. Deus cria incessantemente, usando da diversidade para demonstrar que a individualidade é atributo inerente a cada ser.
Preocupemo-nos em refletir, através de nosso comportamento, o que significa ser espírita.

Ser espírita é:
-- estabelecer a fraternidade como regra de convivência com nosso semelhante, independentemente de seus conceitos acerca da vida;

-- perdoar as pessoas cujas faltas nos atinjam, mesmo que utilizemos dos mecanismos sociais para sermos reparados. O fato de buscar o reconhecimento de nossos direitos não significa que estejamos odiando nosso próximo, bem como perdoá-lo não se expressa em abdicar de lutar por esses mesmos direitos;

-- sermos indulgentes para com as atitudes de outrem, que mesmo não nos atingindo diretamente, incomodam-nos. Aqui aprendemos a respeitar as minorias, as diversas “tribos” e o modo particular de cada um se comportar, mesmo discordando de tais procederes;

-- manter a gentileza como regra usual de comportamento no trato alheio;

-- não devolver as ofensas recebidas com igual conduta, aprendendo a relevar e a buscar responder dentro de um princípio de civilidade e equilíbrio;

-- comportar-se no trânsito com urbanidade e bom senso, sem disputar uma guerra com os demais motoristas, mesmo que estes demonstrem extrema imperícia;

-- respeitar e proteger a Natureza, contribuindo para a conservação de espécies e não agredindo o meio ambiente;

-- investir na sublimação de nossas relações afetivas, valorizando nossas afeições e reduzindo nossa tendência ao egocentrismo;

-- pensar mais no bem-estar das pessoas que gostamos do que em nosso próprio bem-estar;

-- cultivar amizades, colocando-nos à disposição para colaborar para com o sucesso e conforto de nossos amigos;

-- auxiliar aos irmãos do caminho, com boa vontade e alegria cristã;

-- cumprir com fidelidade nosso papel de pais, mães, cônjuges, filhos, irmãos, trabalhando incessantemente pela vitória da vida doméstica;

-- fazer mais que pedir, ouvir mais que falar, perdoar mais do que ser perdoado, e servir mais do que ser servido;

-- não desperdiçar recursos naturais, nem alimentos;

-- participar da vida da comunidade, dando contribuições importantes para a solução dos problemas da coletividade;

-- atuar em nossa profissão com absoluta honestidade, honradez, ética e sinceridade;

-- usar de nossos talentos individuais para colaborar com que a vida seja melhor para todos;

-- trabalhar por amor ao trabalho, não colocando o ganho material em primeiro lugar, mas a utilidade de nosso labor;

-- valorizar mais o ser do que o ter;

-- respeitar a crença alheia, mesmo comungando de ideais diferentes;

-- ser um indivíduo que se transforme em foco irradiador de paz, harmonia social, constituindo-se em exemplo de cidadania e respeito.

Poderíamos relacionar dezenas de itens, mas o mais essencial é que compreendamos que tais atitudes independem de rótulos exteriores.

Mesmo que envergando títulos diversos, quando os homens e mulheres adotam um comportamento digno e superior diante a vida e os semelhantes, estão sendo espíritas “de alma” e cristãos autênticos, pois o que caracteriza o verdadeiro espírita é ser o verdadeiro homem de bem, ainda que “por fora” envergue o título de ateu. Pois acima de tudo, ser essencialmente espírita é AMAR a Deus, AMAR ao próximo, AMAR a vida, AMAR a tudo e todos.

Deste modo, sim, podemos dizer que um dia todos seremos espíritas!


Fonte: LIVRO: ANUÁRIO ESPÍRITA

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