“Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei no
meio deles”
A Palavra Evangelho vem do grego: “Euaggélion”, que se traduz por
Boa Notícia. Na tradução do vocábulo hebraico Besorah, significa uma noticia de
grande alegria. Evangelizar, que corresponde ao verbo bissar, tem na tradução
portuguesa a correspondência alvíssara, derivado do árabe. A palavra Evangelho
aparece cerca de 68 vezes no Novo Testamento.
“Se algo existe pelo qual possa o homem viver e trabalhar lutar e sofrer
satisfeito e feliz, então é o Evangelho da redenção e do amor, que o divino
Mestre espargiu pelas terras da Palestina e mandou levar até os confins do
universo, sob a vigilância da competente autoridade”. Huberto Rohden
IDE E PREGAI O EVANGELHO A TODA CRIATURA
E disse-lhes: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a
criatura”. (Marc. 16:15).
Foi depois da ressurreição, quando Jesus apareceu aos onze e lhes falou
pela ultima vez.
Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura: É uma lição
e uma ordem que deveria ser repetida milhões de vezes.
Merece uma analise a ultima instrução do Mestre. Uma analise ampla, de
maneira que se estabeleçam paralelos com a ação das religiões e,
principalmente, daquela que se julga mandatária...
O Mestre, ditando as Leis para a felicidade do seu povo, do seu rebanho,
o fez em nome do Pai, do Criador, de Deus. Vemos que ele não orientou o seu
Colegiado a organizar-se em comunidades onde se prestasse culto à idolatria, a
rituais, a vestimentas especiais, ou de púrpura e que houvesse um sistema de
celibato que serviu para degradar o homem e levá-lo ao pecado; não orientou
confissões, nem batismos com água. Não ordenou sacerdotes especiais, nem
orientou profissionais para pregar o seu Evangelho.
Olhando os séculos percorridos, deparamos, decepcionados, com o
desvirtuamento do: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a
criatura”.
Mas o Evangelho é a semente da nossa redenção. Por isso, se até ontem
não nos detivemos para cuidar dessa semente, façamo-lo a partir de hoje; nunca
é tarde! Jesus nos espera de braços abertos!
Nas considerações que nos ocorrem, encontramos o Mestre a dirigir-se ao
povo, expressando-se de maneira clara, quando afirma em Mateus 24:14 e Marcos
13:10:
“E será pregado este Evangelho do reino por todo o mundo, para
testemunho a todas as nações”.
Jesus diz “este Evangelho” e que não se refere, nunca se referiu,
a que fossem pregar O Velho Testamento!... Por que?
Somente os interesses judaicos, católicos e os protestantes poderão responder.
Mas que é uma desobediência, não tenham a menor duvida. Por certo, haverá quem
seja castigado por tal desobediência. Fariseus, hipócritas, sauduceus e
fanáticos fundaram as Sociedades Bíblicas para ofuscar o Evangelho de Jesus e
complicar a vida da humanidade toda.
O Velho Testamento existia, serviu para uma época. Vem o DONO da Terra e
anuncia O NOVO TESTAMENTO, para substituir o Velho. É que o Velho já havia
cumprido sua missão, sua finalidade. Mas, os falsários do tempo de Jesus,
reencarnando por vários paises, resolveram guerrear a Obra do Mestre e retardar
o progresso do rebanho, que se debate entre a treva e a luz. Porém, mais treva
do que luz, por isso vão caindo no fosso.
Paulo, apóstolo, prega o Evangelho e deixa patente sua obrigação na primeira
carta aos Corintios, 19:16:
“Se anuncio o Evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim
pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o Evangelho”.
Seria cansativo se fossemos apontar as passagens do Evangelho em que
Jesus, Mestre e Senhor, afirma e reafirma a Sua Doutrina, sem Moisés e sem o
Velho Testamento.
E nós repetimos sempre com o mesmo entusiasmo e com o mesmo vigor: “Ide
por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura”.
NOVO TESTAMENTO
O Novo Testamento veio substituir o velho. O Velho Testamento e o Novo
Testamento formam a Bíblia. No Evangelho segundo João, capítulo 1º, versículo
17, temos referencias quanto à Lei do Velho Testamento, com Moisés e ao Novo,
com Jesus: - “Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a
verdade vieram por meio de Jesus Cristo”.
No Evangelho segundo Lucas, cap. 16, vers. 16, Jesus define ambos os
Testamentos e qual devem vigorar, afirmando: - “A lei e os profetas
vigoraram até João desde tempo vem o Evangelho do Reino de Deus sendo anunciado
e todo homem se esforça por entrar nele”. – O Velho Testamento, pois, está
condenado; poderá nos servir, apenas, como livro histórico, para consulta,
somente e que deveria figurar, exclusivamente, nas bibliotecas públicas, ou nos
museus.
O Novo Testamento, tal como palavra o esclarece: Novo! Que veio
substituir o Velho! O Ano Velho sai, entra o Novo! O velho é arquivado. É posto
de lado para consulta, nada mais. O Novo é que é o portador das Boas Novas! No
Evangelho segundo Lucas, cap. 24, vers. 14, temos outra afirmativa do mestre: “E
será pregado este Evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas
as nações”.
O Novo Testamento é o livro doutrinário, básico, a ele se juntam os
livros da Terceira Revelação, mas nunca o Velho Testamento! O grande livro
doutrinário, pois, se compõe de: O Evangelho apresentado pelos quatro
evangelistas, Mateus, Marcos, Lucas e João, cada qual apresentando a narrativa
pessoal do que viram e ouviram e que nos dão um sentido geral da Doutrina de
Jesus e sua vivência entre nós, têm, no Sermão do Monte, caps 5, 6 e 7 de
Mateus toda a Alma doutrinária do livro do Mestre. Vem depois a Vida e Atos dos
apóstolos, a seguir as epistolas (cartas) doutrinarias, de instruções enviadas
a vários povos e por fim o Apocalipse, o livro profético e simbólico de João
Evangelista.
(Jota Alves de Oliveira)
A UMBANDA E O EVANGELHO
Os ensinamentos de Jesus, assim como a Umbanda, são simples e
destituídos de fórmulas e símbolos complicados. Ademais, Jesus não exigia dos
homens que se tornassem santos ou heróis, sob a influencia de seus
ensinamentos.
Ele ensinava a realidade dos céus no meio da vida comum, nas ruas,
vielas, campos, lares, sob as árvores, ou a beira de praias. Jesus teve sua
convivência por escolha entre o povo aflito e sofredor, sedentos por amor e um
pouco de carinho em vez de estar entre eruditos, políticos, ou entre as
complicações religiosas do mundo. Seus ensinamentos eram simples, compreendidos
por todos, e eram gravados com letras de fogo no coração de cada um.
Ensinamentos compreendidos e aceitos pela simplicidade das verdades
inesquecíveis como:
“Ama a teu próximo como a ti mesmo”
“Faze aos outros o que queres que te façam”
“Quem se humilha será exaltado”
“Cada um colhe conforme suas obras”
Jamais, outra regra de reforma íntima tão singela e espiritual poderia
permear a Umbanda, cuja doutrina é tão simples, desprovida de pompas, lógica e
libertadora.
Nenhum outro Mestre que viveu entre nós conseguiu em poucas palavras e
em tão pouco tempo expor um código de moral tão elevado (Evangelho) aos humanos.
A Umbanda não pretende isolar-se na interpretação pessoal do Evangelho
tão bem esposado e explicado pelo Espiritismo, Alias, não devemos nos esquecer
que as explicações contidas no “EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO”, foram dadas
por espíritos iluminados; portanto ser espírita é seguir os ensinamentos dos
espíritos, o que nós Umbandistas também fazemos.
Só não adotamos o termo “Espírita” para designar nosso movimento
religioso, pois os Kardecistas já o fizeram. Somos Umbandistas, mas aceitamos
de coração nossos irmãos Espíritas. Adotar a literatura Espírita não quer dizer
praticar espiritismo, mas sim nos educarmos nas mensagens edificadoras dos
nossos irmãos espirituais que ali militam.
Adotando o “EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO” em nossos Templos,
estaremos contribuindo para a libertação das pessoas, e contribuindo para a
única maneira de nos espiritualizarmos, que é a “educação”.
Nós Umbandistas, devemos ter como objetivo a redenção dos espíritos
através de uma conscientização contínua das verdades eternas contidas no
evangelho de Jesus, sem aguardar o milagre da santidade instantânea. O
Umbandista deve interessar-se profundamente pelo seu aperfeiçoamento e não
eleger e confiar somente nos ensinamentos dos mestres e doutrinadores. Não
basta querer ter sua vida resolvida, crer numa vida espiritual eterna se ainda
não se converteu às verdades e aos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Evangelizar não se trata apenas de um conjunto de preceitos pregados a
outras pessoas, mas sim interiorizados e vividos no íntimo de nossa alma, assim
como fez Jesus, pois ele pregava, mas praticava todos os seus ensinamentos.
Jesus não estabeleceu nenhum culto, nem pregou nenhum tipo de poder a multidão;
não criou castas e nem outorgas sacerdotais; não pregou aprisionamentos de
espíritos; não ensinou a retornar nenhum mal que nos fizessem, e muito menos,
não nos deu fórmulas mágicas para que pudéssemos nos beneficiar egoisticamente,
promovendo facilidades materiais ou espirituais.
Ele nos pregou o amor, o perdão, a redenção pela fé, e foi muito claro
quando nos disse:
“Quem quiser salvar-se, pegue de sua cruz e siga-me”
Jesus deu um toque sutil em todas as situações humanas e espirituais, operando
o verdadeiro milagre da nossa reforma intima, transformando angustias,
fracassos e desesperos em bênçãos para o caminho do céu. Ao invés de
menosprezar a vida nos ensinou que ela é um instrumento necessário para o
aperfeiçoamento da alma. Transformou dores em bênçãos, choros, sofrimentos e
aflições em bem-aventuranças eternas.
Nenhum suspiro, dor, ou lágrima serão perdidos ante o Divino Criador.
Existe uma simbiose; uma sintonia moral entre a Umbanda e o Evangelho. Ambos
requerem a redenção humana. Ambos valorizam a vida humana, nos ensinando que
devemos viver tudo o que Deus nos proporcionou com disciplina, e não ver a vida
simplesmente como condição expiatória ou apenas sofredora.
A Umbanda, portanto, é o caminho a ser trilhado pela humanidade, e o
Evangelho é a luz que ilumina o caminho, facilitando a nossa vida. Nós,
Umbandistas, não devemos aguardar a aproximação do Evangelho, mas sim buscá-lo
e vivenciá-lo em toda sua plenitude, como norma a ser seguida, a fim de nos
desvencilharmos das ilusões e sofrimentos humanos, encontrando um caminho curto
e seguro que nos levara a Deus.
O Evangelho é fonte criadora de homens incomuns em caráter amor e
igualdade. Não é egoísta, mas sim altruísta; não se exalta, mas cria humildes.
Deixa o ser humano terno e não cruel. Pacífico e não armado. O Evangelho será a
pátria dos homens santos. Os gigantes de espiritualidade, vencedores de suas
mazelas e paixões.
Todos os problemas do mundo serão solucionados pela leitura e prática do
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, o porto mais seguro da espiritualidade
superior.
Nós Umbandistas, devemos usar dos recursos materiais que Deus nos
proporcionou, que chamamos de “arsenal” de Umbanda, com disciplina, bom senso e
espírito crítico, sempre que necessário ajudar a qualquer irmão, mas desde que
esse, naquele momento, não se encontra em condições de ser doutrinado ou
transformado. Após o equilíbrio do mesmo devemos proceder a sua evangelização,
para que o nosso irmão continue seu caminhado no plano terreno com equilíbrio e
não venha cair nas malhas das vicissitudes internas e nem dos nossos irmãos das
trevas.
Em nossas palestras elucidativas e evangelizadoras devemos nos abster de
excessos de melodramas, exposição de conceitos e parábolas através de suspiros,
palavras trêmulas e expressões compungidas. Devemos ter uma oratória simples,
objetiva, sincera, assim como Jesus fazia, falando com o coração e não
preocupado se as pessoas estão te admirando pela rica eloqüência.
Então meus irmãos, mãos a obra, na edificação evangélica do nosso
espírito imortal, pois só assim estaremos contribuindo para o nosso aprimoramento
e elevação espiritual.
Lembrem-se do iniciador da Umbanda, em 1.908, o Sr Caboclo das
Sete Encruzilhadas, quando nos exortou:
“Que o desenvolvimento do médium fosse com base na Evangelização
contumaz”
“De quem sabe aprenderemos e os que nada sabem ensinaremos”
O CULTO CRISTÃO NO LAR
Povoara-se o firmamento de estrelas, dentro da noite prateada de luar,
quando o Senhor, instalado provisoriamente em casa de Pedro, tomou os Sagrados
Escritos e, como se quisesse imprimir novo rumo à conversação que se fizera
improdutiva e menos edificante, falou com bondade:
— Simão, que faz o pescador quando se dirige para o mercado com os
frutos de cada dia?
O apóstolo pensou alguns momentos e respondeu, hesitante:
— Mestre, naturalmente, escolhemos os peixes melhores. Ninguém compra os
resíduos da pesca.
Jesus sorriu e perguntou, de novo:
— E o oleiro? Que faz para atender à tarefa a que se propõe?
— Certamente, Senhor — redargüiu o pescador, intrigado —, modela o
barro, imprimindo-lhe a forma que deseja.
O Amigo Celeste, de olhar compassivo e fulgurante, insistiu:
— E como procede o carpinteiro para alcançar o trabalho que pretende?
O interlocutor, muito simples, informou sem vacilar:
— Lavrará a madeira, usará a enxó e o serrote, o martelo e o formão. De
outro modo, não aperfeiçoará a peça bruta.
Calou-se Jesus, por alguns instantes, e aduziu:
— Assim, também, é o lar diante do mundo. O berço doméstico é a primeira
escola e o primeiro templo da alma. A casa do homem é a legítima exportadora de
caracteres para a vida comum. Se o negociante seleciona a mercadoria, se o
marceneiro não consegue fazer um barco sem afeiçoar a madeira aos seus
propósitos, como esperar uma comunidade segura e tranqüila sem que o lar se
aperfeiçoe? A paz do mundo começa sob as telhas a que nos acolhemos. Se não
aprendemos a viver em paz, entre quatro paredes, como aguardar a harmonia das
nações?
Se nos não habituamos a amar o irmão pais próximo, associado à nossa
luta de cada dia, como respeitar o Eterno Pai que nos parece distante?
Jesus relanceou o olhar pela sala modesta, fez pequeno intervalo e
continuou:
— Pedro, acendamos aqui, em torno de quantos nos procuram a assistência
fraterna, uma claridade nova. A mesa de tua casa é o lar de teu pão. Nela,
recebes do Senhor o alimento para cada dia. Por que não instalar, ao redor
dela, a sementeira da felicidade e da paz na conversação e no pensamento? O
Pai, que nos dá o trigo para o celeiro, através do solo, envia-nos a luz
através do Céu. Se a claridade é a expansão dos raios que a constituem, a
fartura começa no grão. Em razão disso, o Evangelho não foi iniciado sobre a
multidão, mas, sim, no singelo domicílio dos pastores e dos animais.
Simão Pedro fitou no Mestre os olhos humildes e lúcidos e, como não
encontrasse palavras adequadas para explicar-se, murmurou, tímido:
— Mestre, seja feito como desejas.
Então Jesus, convidando os familiares do apóstolo à palestra edificante
e à meditação elevada, desenrolou os escritos da sabedoria e abriu, na Terra, o
primeiro culto cristão no lar.
(Jesus no Lar – Francisco Cândido Xavier – Pelo Espírito Neio Lúcio)
“Sempre que se ora num Lar, prepara-se a melhoria do ambiente doméstico.
Cada prece do coração constitui emissão electromagnética de relativo poder. Por
isso mesmo, o culto familiar do Evangelho não é tão só um curso de iluminação
interior, mas também processo avançado de defesa exterior, pela claridade
espiritual que acende à volta. O homem que ora traz consigo inalienável
couraça. O Lar que cultiva a prece transforma-se em fortaleza, compreenderam?”
(Os Mensageiros, Cap. 37 – FEB- l944)
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