Brasileirinho
Maria Bethânia
01- Salve As Folhas
02- Yáyá Massemba
03- Capitão Do Mato
04- Cabocla Jurema/Ponto De Janaína
05- Santo Antônio
06- Padroeiro Do Brasil
07- São João Xangô Menino/Ponto De Xangô
08- Cigarro De Palha/Boiadeiro
09- Sussuarana
10- Senhor Da Floresta/Manuelzão E Miguilim
11- Purificar O Subaé/Cantiga Para Janaína
12- Melodia Sentimental
Lançamento: 2004
NOTA:
Na  convergência de suas diferenças e seus credos, o Brasil vê-se  grandiosamente refletido sob o mais musical dos diminutivos.   Neste disco, Bethânia alcança o ápice da expressividade. Sua voz,   cristalina e dona de uma força única, chega a cortar o coração da gente,   uma obra perfeita em todos os sentidos possíveis, chega a beirar o   lendário e terá eco na memória de muitos num futuro onde o imaginário   perdido das coisas de Umbanda provavelmente ainda terá lugar. Produzido  por Maria Bethânia, com direção musical  de Jaime Alem, Brasileirinho  tem as participações especiais dos poetas  Ferreira Gullar e Denise  Stoklos, do grupo instrumental mineiro Uakti,  do grupo de choro Tira  Poeira e das cantoras Miúcha e Nana Caymmi.
Bethânia  tem o dom de dar ao público a  nítida e real sensação de viver ou ter  vivido cada detalhe das letras.  Cada canção, toda palavra, é uma  passagem de sua vida e resume ou define  suas emoções, sua evolução  espiritual e seu amadurecimento  profissional. Mergulhar em um texto, em  uma canção exige sensibilidade,  talento e doação. Maria Bethânia  empresta seu corpo, sua voz e sua alma a  tudo o que interpreta. Ela é  toda, em cada parte. Ela parece cantar,  tão e somente, a sua  existência. É tão perceptível, palpável, como se  ela mesma fosse autora  e personagem de tudo, e, meu Deus, que clareza,  que beleza, que doçura  é essa que nos faz lembrar de tudo que há de mais  puro nos terreiros  do Brasil e, sim, não só com atabaques, mas com  vários instrumentos nos  levando para a atmosfera mais enigmáticas de  nossos congás, tendas e  ilês... Impossível de dizer qual a faixa mais  perfeita, qual a a  atmosfera alcançada mais legítima, quais os melhores  arranjos. Todo o  disco se complemente e se atrai, de uma faixa a outra,  convidando-nos  sempre para mais.
Um   misto de dor e prazer que alimenta a alma e acalenta o coração.   Bethânia é atemporal. Ela sobrevive aos modelos e padrões criados pela   indústria fonográfica e pela mídia em geral, nesses dias estranhos de   cantoras baianas de um timbre repetitivo em série e de cantoras que   teimam em imitar os maneirismos evangélicos, levantando as mãozinhas prá   cima e prá baixo, como se isso melhorasse a voz.
Sem   dúvida, os orixás despertaram para vê-la e ouvi-la. Maravilharam-se  com a  limpidez de sua voz, inundaram o céu com as lágrimas de sua  emoção.  Aplaudiram e convocaram-se, mutuamente, para esse espetáculo   inesquecível e receberam, finalmente, Maria Bethânia perante a plêiade   de estrelas que a aguardavam para coroá-la como nossa cantora maior.   Bethânia chega aos píncaros de um Olimpo já habitado por cantoras   perfeitas como Clara Nunes e Clementina e torna-se uma deusa na terra, a   cantar lembranças do céu entre os homens.
 
 
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